
Naquele lago real, onde a noite era feita de um brilho especial, que só a luz das estrelas guias conseguia suster, todos os seus habitantes viviam em perfeita harmonia.
Peixes dourados davam beijos repenicados aos peixes vermelhos. Os cisnes dançavam dia e noite para que todos pudessem admirar a sua arte, os passarinhos que procuravam comida na água calma debitavam notas de melodiosas canções.
O senhor ganso real nomeado há mais de duas décadas como rei, tudo fazia para que todos fossem felizes.
Como não tinha família preocupava-se com todos de igual forma!
Com a chegada do Natal ao Reino de Pitipum o senhor ganso real Plim-Plim andava numa roda-viva, para que nada corresse mal em casa dos seus amigos.
E tudo fazia para que a festa fosse cheia de alegria e presentes... mas enquanto viajava pelas águas mornas descobriu a um canto um lindo pato branco como a neve, mas com um olhar muito triste.
- Que tens tu meu patinho? Nunca te vi aqui...
- Chamam-me "O Santo" e vim aqui ter através das águas revoltas do rio grande...
- E porque caem lágrimas dos teus olhos?
- Estou perdido e sinto-me muito só... está a chegar o Natal e eu não tenho ninguém...
Plim-Plim sentiu o coração muito apertadinho ao ouvir a voz triste daquele patinho e disse-lhe que podia passar o Natal com eles no reino de Pitipum, mas que se ele não se importasse gostaria de ouvir a sua história.
O Santo contou que viveu sempre num reino muito distante onde as águas eram escuras como o carvão e onde o rei era muito mau para todos. Entrando em guerras com todos os reinos vizinhos. E foi numa dessas guerras que os seus pais morreram, como era muito pequenino meteram-no num orfanato para patos pequeninos, onde ele viveu durante algum tempo e tinha sido aí que lhe tinham começado a chamar o Santo.
- E porquê?
… quis saber o rei
- Acho que era por ajudar todos os outros patinhos, quando tinham fome eu dava-lhes as minhas migalhas e quando tinham frio cobria-os com as minhas penas brancas... sempre que alguém precisava de alguma coisa vinha ter comigo.
- Então és um bom patinho.
- Não... apenas não gosto de ver ninguém triste.
- Mas tu estás triste...
- Porque me sinto muito sozinho desde que o nosso rei mandou fechar o orfanato e, por isso, todos os patinhos ficaram perdidos nas ruas, por essa razão fugi e meti-me no rio grande à procura de outros sítios mais felizes.
- … e chegaste até aqui.
- Sim, hoje de manhã.
- E que estavas a fazer junto ao velho ganso Gaspar?
- Encontrei-o junto dos nenúfares a falar sozinho, cheguei-me perto dele e vi que estava tão só como eu, por isso estava a cantar-lhe uma canção de Natal que a minha mãe me cantava.
O velho ganso aproximou-se... cumprimentou o rei e disse-lhe que tinha encontrado um amigo muito especial.
Feliz o rei pensou que tinha encontrado uma forma de ajudar o pequeno pato.
- Olha lá Santo já ouviste falar no Pai Natal?
- Sim, claro! Quando os meus pais eram vivos ele visitava sempre a nossa casa, mas acho que nunca conseguiu encontrar o caminho do orfanato, porque nunca apareceu por lá!
- Olha sabes que o nosso Pai Natal tem andado muito ocupado... há imensos bebés no nosso reino e ele sozinho não vai conseguir chegar a todas as casas. Que achas de seres o seu ajudante este ano?
- A sério? Está a falar a sério?... e ele não se importa? É que eu não sei fazer nada...
- Sabes sim, sabes dar amor e alegria e isso é o mais importante não só no Natal, mas todos os dias.
E foram os dois até casa do Pai Natal, onde o Santo, de olhos arregalados viu a quantidade de presentes que ali se embrulhava para serem distribuídos na noite de Natal.
Com um lágrima de alegria a rolar até ao seu bico laranja, o Santo começou logo a ajudar o Pai Natal... assim, na noite mágica de 24 de Dezembro os dois sairam e muito contentes foram distribuir as prendas por todos os habitantes de Pitipum.
Ao chegar à última casa o Santo descobriu que lhe faltava um presente. Era o pobre ganso Gaspar. Sem pensar duas vezes tirou algumas das suas penas e ali mesmo fez-lhe uma manta para o aquecer naquele frio Inverno... agradecido o ganso convidou-o para jantar, mas ele disse:
- Prometi ao Pai Natal que jantava com ele esta noite... senão ficará sozinho, queres vir comigo, assim nenhum de nós estará triste ou só!
Rindo o ganso Gaspar sentou-se no skate aquático do Santo e partiram até casa do Pai Natal, onde tiveram a mais bela noite de Natal de sempre.
Através deste lindo conto de Natal, escrito pela Carla Marques, aproveito a deixa para desejar a todos os que têm incentivado este projecto , quer através da partilha de criatividade, quer pelos simpáticos comentários que aqui vão deixando, um muito Feliz Natal com muitos sonhos, alegria, paz e amor no coração.